domingo, 14 de janeiro de 2018

Catarse

Catorze do um de dois mil e dezoito.

Eu odeio domingos. A letargia de como se o mundo parasse e tivéssemos que, compulsoriamente, encarar nossos próprios demônios.
A filosofia, arrisco, nasceu num domingo. É o dia de olhar para cima e tomar consciência de seu próprio buraco no peito. Do seu coração partido.
Domingo é o dia dos alcoólatras e das comédias pastelões. Quem é que verá um drama nessas horas já dramáticas?
Domingo é o dia universal da solidão. Quatro natais por mês. A cidade mais silenciosa que escancara uma certa beleza melancólica.
A felicidade só é capaz de ser descoberta nesse dia. Não existe genuinidade dessa natureza ás quartas-feiras.
É no primeiro dia da semana que ensaio minha mortalidade. É como se o universo me trouxesse a memória a finitude da vida. Algo deve ser feito, ele me sussurra silenciosamente. Peço absolvição pelos meus pecados, por vadiar com o tempo irresponsavelmente e sufocar os gritos agudos que ouço esporadicamente no meu coração.
 Quase posso mentaliza-lo em negação decepcionada enquanto desiste gradativamente de mim.

Deus me abandonou num domingo.